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Como Conciliar Trabalho e Estudo

Atualizado: 20 de abr. de 2021



Olá Pessoal, tudo bem?

Hoje eu vim aqui falar com vocês sobre trabalhar e estudar para concursos. Apesar de já ser concursada, continuo estudando para outros concursos e durante todo o meu período de estudo passei por inúmeras dificuldades, mas nenhuma delas se compara à grande façanha que é trabalhar e estudar ao mesmo tempo. Depois de alguns anos sofrendo muito, aprendi a lidar melhor com essa situação e se eu puder de alguma forma ajudar vocês nessa caminhada, já serei uma pessoa mais realizada, afinal esse sempre foi um sonho: dividir minha história com as pessoas, para quem sabe assim, fazer a diferença na vida de alguém...

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Primeiramente, gostaria que soubessem que já estive dos dois lados, é bem verdade que por muito pouco tempo, mas pude experimentar os dois lados da mesma situação e tudo o que escreverei aqui virá do mais fundo do meu coração. Sei que a maioria de vocês que trabalha e estuda não o faz por opção, mas sim por necessidade de ter um sustento, então de nada adianta ficar sonhando com o dia em que será diferente, em que você não precisará trabalhar, uma vez que, salvo raras exceções, você precisará trabalhar e estudar ao mesmo tempo, se quiser mudar a sua vida. Ao invés de passar o tempo todo desejando que fosse diferente ou se comparando com quem “apenas estuda”, canalize sua energia para descobrir formas de gerir seu tempo para conseguir dar conta das duas atividades.

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Há 11 anos, quando resolvi largar a advocacia, cuja experiência durou poucos meses, e me aventurar no mundo dos concursos, eu acreditava, como muitos de vocês, que a minha aprovação viria rápido, já que sempre fui boa aluna na escola e sempre gostei de estudar. Está aí minha primeira desilusão acompanhada do primeiro aprendizado: não basta ter sido boa aluna e gostar de estudar, o estudo para concursos requer muito mais que isso... Frequentava um cursinho pela manhã e estudava, não todos os dias, por volta de 2h à tarde e para mim estava ótimo, afinal de contas tinha filho pequeno e casa pra cuidar: outra grande desilusão e mais uma vez acompanhada de um aprendizado: só assistir aulas sem fazer exercícios, sem ler a letra da lei, enfim, sem consolidar a matéria dada em sala de aula não era suficiente para obter uma aprovação. Já tendo passado um ano sem trabalhar, minha situação financeira apertou, mesmo com a ajuda da minha mãe, que sempre fez de tudo para me auxiliar nos estudos. Foi nessa hora que saiu o edital do concurso que jamais imaginei prestar, por ter tido péssimas experiências enquanto advogada, o Tribunal de Justiça de SP, mas resolvi me jogar de corpo e alma nos estudos para esse concurso, já que o salário não era ruim e me permitiria ter estabilidade, estudei freneticamente, como nunca antes na minha vida, por 3 meses e passei na capital.

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Estava feliz, mas morar em SP capital nunca foi algo que eu olhasse com bons olhos e antes que iniciassem as nomeações deste concurso abriu edital do mesmo concurso, mas para o interior e havia vagas para Campinas, que é onde moro. Como o edital era igual e eu já estava em um ritmo bom, apenas continuei naquele meu ritmo frenético de estudos, pois me considerava obrigada a obter essa aprovação e esses foram tempos difíceis, pois me sentia pressionada por “só estudar”, não me permitia qualquer tipo de diversão, afinal de contas tinha parado de trabalhar e a essa altura, já com mais de 30 anos, estava sendo completamente sustentada pela minha mãe e na minha cabeça eu tinha obrigação de passar, mesmo ninguém me cobrando isso. Tinha um filho de 6 anos na época e me lembro bem de pedir a minha mãe que o levasse e buscasse à escola a pé para que eu não perdesse tempo de estudo e foi assim que obtive a aprovação em 10º lugar neste concurso, uma grande alegria e alívio, mas com a aprovação vieram trinta (exatamente isso que vocês leram) kgs a mais, uma ansiedade generalizada, muito maior que a que sempre tive, uma auto cobrança sem limites e uma enxaqueca, que me acompanhou até o ano passado e às vezes ainda tenta dar o ar da graça e ledo engano de quem pensa que após a aprovação você corre atrás do prejuízo, às vezes o prejuízo é tão alto que você custa a conseguir se reorganizar.

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Entrei no TJ em dezembro de 2011 e por 3 anos fui feliz, apesar de sempre ter tido a certeza que lá eu não gostaria de permanecer, então em agosto de 2013 resolvi retomar os estudos. Nesse tempo que fiquei sem estudar fiz muita coisa legal, fui fazer academia e emagreci metade dos kgs que havia ganhado durante a preparação, fui fazer terapia, viajei com as amigas, curti meu filho, saí muito, até que a vontade do meu coração de passar em outro concurso falou mais alto e aí vem a parte mais difícil. Trabalhava de 9 às 17h com 1h de almoço, ou seja, 8h por dia no trabalho, mais 30 min para ir, 30min para voltar, 30 min para me arrumar e 30 min para tomar banho na volta, ou seja, 10h por dia (que fique claro aqui que tenho consciência de ser privilegiada por ir e voltar de carro, por gastar apenas 30 min no percurso, por nunca precisar ficar além do horário) e era tudo milimetricamente cronometrado, inclusive o banho e a olhada rápida na agenda e lições do meu filho que à essa época ainda precisava desses cuidados e começou a ter problemas na escola. Além disso, precisava dar conta da casa e das contas, exceto comida que pegava todos os dias na casa da minha mãe. Para dar conta de tudo, passei a acordar 3:30h da manhã, foi a única forma na época que encontrei de conseguir estudar e dar atenção ao meu filho, eu o acordava para deixá-lo na minha mãe às 8:30 e ir trabalhar e à noite quando chegava, o pegava lá novamente. Em poucos dias, já estava completamente esgotada, então resolvi passar a acordar às 4h e assim o fiz por longos anos. Acordava às 4h, estudava até às 8h, quando parava para ir trabalhar, no trabalho as horas não passavam, eu vivia cansada, irritada pela falta de sono, com o raciocínio prejudicado, mas sempre fiz questão de fazer meu trabalho da melhor forma que podia. Passei 3 anos levando marmita de casa e almoçando no carro para conseguir estudar enquanto almoçava, o pessoal todo no TJ daqui de Campinas já sabia que eu almoçava no carro para poder estudar, as pessoas por muitas vezes, tentaram me alertar que isso não acabaria bem, mas eu queria tanto, mas tanto que não ouvia ninguém, queria a aprovação a todo e qualquer custo e o preço de fato veio, porque ele sempre vem gente, eu só não imaginava que seria tão alto. Durante esse tempo, sonhei inúmeras vezes em exonerar para poder só estudar porque sempre me comparei com quem “só estudava” e via essas pessoas passando mais rápido que eu, via o cronograma delas e chorei inúmeras vezes ao compará-los com o meu de 4/5 horas e mesmo assim à base de muita cafeína em cápsula, energético quase que diariamente e aí mais uma grande lição, talvez a maior delas: nunca compare sua vida com a do outro. Quem não trabalha tem o dia todo para estudar e muitas vezes justamente por isso procrastina muito mais que quem trabalha e só tem aquelas poucas horas, além da falta de recursos para muitas vezes viajar e fazer provas fora do estado e o pior, a auto cobrança que é muito maior por quem não trabalha. Contrariando todos os conselhos de amigos, da minha mãe e até de médicos, pois meu corpo já vinha dando sinais de exaustão continuei nesse ritmo alucinante e vinham reprovações atrás de reprovações, portanto outra grande lição aprendida: de nada adianta estudar desesperadamente sem método e estratégia de estudos.

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Em 2017, poucos dias antes de uma prova em outro estado, eu pifei, muitas coisas aconteceram naquele ano e aliado a minha rotina exaustiva me fizeram parar, fui diagnosticada com síndrome de Bournout (exaustão incapacitante) e fui afastada do trabalho e dos estudos por 6 meses pelos médicos e foi uma fase muito difícil, tomando vários remédios, tendo crises e mais crises de ansiedade, engordei novamente, mas nem isso foi capaz de mudar minha rotina quando voltei a trabalhar e estudar, perdi ritmo de estudo nesse período que fiquei parada e tinha pouco tempo, exatamente 3 meses para recuperar o “tempo perdido”, pois os TRTs em 2018 seriam no meu estado e não poderia falhar, então continuei naquele ritmo frenético e o resultado: uma reprovação e uma aprovação em uma boa classificação com chances concretas de nomeação. Decidi mais uma vez parar por alguns meses pois estava exausta e fiquei mais uma vez 6 meses sem estudar, outra grande lição aprendida: é melhor a constância, mesmo que com menos horas de estudo a um estudo frenético que te leva à exaustão a ponto de você ter que parar por um longo período. Como é do conhecimento de todos, a situação dos concursos, em especial na área trabalhista, mudou muito, mas ainda fiz 2 concursos em 2019 estudando naquele ritmo que vocês já conhecem e veio uma reprovação e uma aprovação, mas diante do cenário atual, sem muitas chances de nomeação. Foi aí que parei e pensei: e agora???? Não queria mais aquela loucura toda, afinal de contas ela não me trouxe grandes resultados, mas queria continuar estudando. Neste momento recebi a proposta da minha mãe de tirar uma licença sem remuneração de 2 anos, ir morar com ela que ela manteria a mim e meu filho por esse período e foi aí, exatamente quando me vi com essa chance nas mãos que aprendi a organizar meu tempo para que pudesse continuar fazendo as duas coisas, pois não queria abrir mão da minha independência financeira. Trabalho em um lugar muito bom, com pessoas ótimas e é claro que isso facilita muito a tornar meu dia a dia menos cansativo, não vou ser hipócrita em dizer que se trabalhasse em algum lugar muito ruim e tivesse a oportunidade de só estudar não faria novamente, então agora vou falar para vocês tudo o que aprendi sobre os estudar para concursos enquanto também se trabalha:

  • Nunca se compare com que não trabalha, são realidades diferentes e muito provavelmente você demorará mais tempo para passar pelo simples fato de estudar menos horas, é matemático. Aceite isso que te garanto que você será mais feliz.

  • Aceite que essa é sua realidade hoje, então também a aceite e estude conforme suas possibilidades, não tente ser super homem ou mulher maravilha, isso não costuma acabar bem.

  • Tenha um cronograma, você mais do que ninguém precisa de um cronograma detalhado, coloque todas as suas atividades do dia nele, das coisas mais simples às mais difíceis, isso vai te permitir ter uma visão do todo e ver de fato quantas horas você poderá ter de estudo e tudo bem se forem 2 ou 3 horas, te garanto que com o estudo estratégico e focado, isso não te impedirá de passar.

  • Escolha o melhor horário para você estudar com foco. Para algumas pessoas é pela manhã quando a cabeça está mais descansada, para outras é a noite quando os filhos dormem, para outras é metade do tempo pela manhã e metade à noite, como é meu caso.

  • Aproveite o horário de almoço para quem tem essa possibilidade, sem no entanto, comer lendo ao mesmo tempo como eu fazia, almoce primeiro e depois use os minutos restantes para fazer exercícios ou ler informativos ou súmulas.

  • Se vai e volta do trabalho de transporte público, aproveite esse tempo para ouvir leis em áudios, existem aplicativos gratuitos excelentes hoje em dia

  • Durma bem, o sono é muito importante para consolidação do que foi estudado naquele dia. Eu fiz a grande besteira de sempre prejudicar meu sono e isso, além de me deixar muito mal no dia seguinte, me fazia ter sempre a sensação de perda de memória.

  • Não se culpe se algo sair fora do esperado durante alguns dias, isso é mais comum do que você imagina e todo mundo passa por isso e para conseguir resolver esse problema tenha em seu cronograma uma janela no fim de semana para que você possa repor as horas da semana, que por ventura, precisou dedicar a outras atividades que não estavam previstas. Imprevistos acontecem e todos nós temos, com você não seria diferente.

  • Se permita sair com os amigos ou marido/esposa às vezes, em especial, se estiver sem edital, esses momentos de lazer lhe permitirão sustentar seu estudo por mais tempo, caso seja necessário.

  • Faça atividade física 2 a 3 vezes por semana, isso fará você ganhar tempo de estudo, pode acreditar e quem te fala isso é alguém que sempre detestou atividade física, mas se rendeu aos seus benefícios.

  • Tenha momentos de lazer também em casa ao lado dos filhos, pais, cônjuge, somente assim eles também terão forças para suportar tantas vezes a sua ausência.

  • Caso seja possível utilize sua remuneração também para ajudar em seus estudos, compre um livro, assine site de questões, faça uma mentoria, isso dará ao seu trabalho uma utilidade muito maior em sua mente e fará você perceber quão importante é seu trabalho para a conquista do seu sonho.

  • Tenha fé em algo: em Deus, no universo, na vida ou em o que quer que seja, mas acredite em algo maior: isso lhe dará conforto nos momentos de maior cansaço e dor.

  • Por fim e não menos importante, conte comigo para te ajudar no que precisar nessa jornada.

Bons estudos e que seja leve enquanto dure!!!!

Por Rita Pessoa.

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