Oi, Pessoal, tudo bem?
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Recebi um questionamento na caixinha de perguntas do instagram e resolvi transformar a resposta em texto do blog, já que aqui eu tenho mais espeço para detalhar as dicas. O questionamento foi o seguinte:
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Você poderia dar dicas para o estudo de discursivas que possam valer para todos os concursos?
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Confesso que esse tema mexe comigo, afinal, comecei a preparação para discursivas um pouco tarde e só comecei porque me deparei com um concurso com fases objetiva e discursiva no mesmo dia (PGE/PR). Até então, estava esperando passar em uma primeira fase para começar essa preparação.
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Ocorre que, em um curto período de 3 meses de pós-edital, tive que desvendar um universo totalmente novo, descobrir como colocar a resposta no papel, como acertar o espelho de correção, como desenvolver o raciocínio jurídico, identificar as teses da carreira, os temas de predileção da instituição e da banca examinadora, aprender o esqueleto das peças práticas, compreender todas as preliminares que poderiam ser arguidas, desenvolver o mérito, organizar os pedidos, além de revisar o maior número de assuntos do edital pelo material teórico, jurisprudencial e pela lei seca.
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Foi um período exaustivo, diria até que avassalador. Eu tinha um desejo muito forte de passar, mas me sentia incapaz e insegura diante de tanto conteúdo. Meu emocional nunca esteve tão abalado. As lágrimas sempre escorriam pelo meu rosto ao final do dia. Dormia com o coração acelerado e acordava com um constante frio na barriga.
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Por conta dessa experiência um tanto quanto traumática, passei a defender o estudo de questões discursivas desde o início da preparação. E não estou me referindo apenas ao treino de estrutura de peça tá? Isso você pega rápido. O ponto central da discussão vai muito além do treino de estrutura. É sobre captar o universo da carreira e se diferenciar em um cenário tão desafiador.
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Então, trago aqui os motivos pelos quais defendo o treino de discursivas desde o início da preparação:
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Identificação das teses da carreira
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Identificar as teses da carreira fará com que você desenvolva um raciocínio jurídico próprio da instituição. Já imaginou ler um enunciado e identificar prontamente as teses principais e as teses secundárias da peça prática, além de articular o raciocínio para escrever a resposta? Pois isso pode acontecer, mas esse olhar aguçado só chega com a prática.
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Identificação dos temas mais incidentes em questões discursivas da carreira desejada
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A teses institucionais se repetem. Treinar discursivas em base regular te dará a oportunidade de saber detalhes dos temas mais corriqueiros. Com o passar do tempo, aquela incômoda sensação de adivinhar o espelho de correção desaparece, dando espaço para um certo traquejo de raciocinar conforme a cobrança. Esse momento chega, mas é preciso treinar em base regular, ou seja, inserir o treino de discursivas na rotina de preparação.
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Possibilidade de estabelecer conexões entre assuntos diversos
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Ao treinar discursivas, você perceberá que muitas questões associam diferentes temáticas e, por vezes, diferentes matérias. O contato com essas associações fará com que você aumente o seu embasamento teórico e desenvolva a capacidade de estabelecer futuras articulações entre teses, algo que, talvez, você não conseguisse vislumbrar apenas com o estudo isolado de cada disciplina.
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Identificação de um padrão de cobrança
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Sim, existe um padrão de cobrança nos espelhos de correção de questões discursivas e identificar esse padrão fará com que você aumente as chances de acertar os quesitos do espelho de correção da sua prova.
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O tempo joga a seu favor
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E o que isso significa? Quanto mais cedo você iniciar o contato, a análise e o treino de questões discursivas, maior será o seu arsenal de teses, conexões e associações, aumentando, assim, as chances de aprovação. Caso esse contato com questões discursivas e, consequentemente, teses da carreira, aconteça apenas em um pós-edital, esse arsenal de teses será bem menor. Além disso, o momento do pós-edital tende a ser um período de maior ansiedade e nervosismo, o que impacta a assimilação desse conteúdo.
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Então, como começar o estudo por questões discursivas?
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Trago aqui alguns níveis de aprofundamento:
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Se você está iniciando o estudo de formação de base, proponho o contato com questões discursivas. Isso inclui a leitura do enunciado da questão e a análise do espelho de correção para identificar os quesitos pontuados. O espelho de correção é um excelente material de estudo e a análise do que é objeto de cobrança fará com que você fique mais atento aos detalhes de cada assunto.
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Sugestão: é muito interessante fazer um esquema de resposta das questões analisadas. Esse material, quando constantemente revisado, fará com que você internalize as principais teses da carreira e os quesitos que são objeto de pontuação pelas bancas examinadoras.
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Dicas para a construção de esquema de resposta:
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1) Mapeamento do enunciado da questão, com grifo de todos os termos jurídicos que aparecerem;
2) Identificação do Instituto Principal questionado;
3) Com essas informações, estruturar um esquema de resposta com: breve conceito do instituto apresentado, contextualização constitucional e Legal do instituto, entendimento dos tribunais superiores sobre o caso e a solução da problemática apresentada.
4) Associar os termos jurídicos do enunciado com os elementos indicados no tópico anterior, mencionando-os na resposta.
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Com o tempo, você perceberá que as teses começarão a se repetir. Nesse momento, é super válido se desafiar e esboçar as primeiras respostas dissertativas. Não há problema nenhum em pesquisar o teor da resposta nos seus materiais de estudo. Acredite, a independência de resolução chega com o tempo, a prática e a repetição de teses.
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Sugestão: Para a construção das respostas, é interessante utilizar os conectivos da língua portuguesa para dar coesão e coerência ao texto, além de adotar uma das modalidades de construção do raciocínio lógico. Adicionar um conteúdo jurídico nessa estrutura fará com que você desenvolva um raciocínio jurídico, item pontuado nos espelhos de correção.
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Com essa prática em dia, chegará um momento em que você terá independência de resolução, raciocínio jurídico aguçado e um olhar próprio do universo da carreira.
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Dito isso, passo a apresentar algumas dicas para o estudo de discursivas:
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1-Separar questões discursivas próprias da carreira para a qual você se prepara e iniciar o contato com essas questões.
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Sugestão: dar preferência para as questões com espelho de correção, a fim de que você possa identificar os quesitos pontuados e como eles são apresentados. Em um momento de pré-edital, você pode selecionar provas discursivas da carreira para treinar sem, necessariamente, restringir a banca. Assim, você conseguirá se expor a uma boa quantidade de teses institucionais.
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É possível encontrar questões discursivas com espelho de correção e padrão de resposta nos sites da CEBRASPE, Questões Discursivas, Você Concursado e na plataforma do Treine Subjetivas.
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2-Separar um tempo no seu planejamento de estudo para analisar as questões discursivas, fazer esquemas de resposta, praticar a resolução e desenvolver o olhar da carreira. Guarde esse material com muito carinho. Ele será precioso em um momento de revisão pós-edital.
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3-Analisar o site da carreira para a qual você se prepara e ler notícias, súmulas administrativas, pareceres, enunciados etc. Essa imersão no universo da carreira aguça o raciocínio jurídico, circunstância que fará total diferença na prova, principalmente nas etapas discursiva e oral.
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4-Após a publicação do edital, caso você verifique que o concurso será realizado por banca própria e a instituição divulgou o nome dos membros da banca examinadora, é super aconselhável analisar os materiais publicados pelos examinadores (artigos, periódicos, entrevistas etc). Existe uma tendência do examinador cobrar temas que lhe são familiares.
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Caso você esteja em um período de pós-edital, se não houver tempo suficiente para ler todos os artigos dos examinadores, vale analisar os temas abordados nos materiais para fazer uma revisão mais detalhada desses assuntos pelo seu próprio material de estudo.
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Para vocês terem uma ideia, 3 das questões discursivas da prova do último concurso da PGE/PR eram notícias no site da instituição.
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5-Sabendo os temas de predileção da banca examinadora e da carreira, é muito interessante e até aconselhável fazer uma pesquisa desses temas na jurisprudência. Para tanto, você pode utilizar o site do Buscador do Dizer o Direito para fazer esse filtro. Como a chance desses temas serem cobrados nas provas objetiva, discursiva e oral é muito grande, você chegará na prova super afiado na jurisprudência específica.
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Caso o concurso seja elaborado por bancas como FCC, VUNESP, CEBRASPE, considerando que não é comum a divulgação do nome dos examinadores por essas bancas, duas estratégias são bem eficientes: a) análise do site da carreira – e não da banca examinadora – para captação de temas institucionais e revisão detalhada desses temas pelo seu próprio material; b) resolução de questões discursivas de concursos anteriores da carreira elaboradas pela banca organizadora do concurso que você prestará, já que há uma tendência de repetição de teses pela banca.
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Acredito que consegui detalhar todas as dicas. Espero que gostem e que consigam ver diferença na preparação de vocês!
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Termino esse texto com uma mensagem que perfeitamente se encaixa nesse cenário de preparação para provas discursivas:
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"Suba o primeiro degrau com fé.
Não é necessário que você veja toda a escada.
Apenas dê o primeiro passo".
— Martin Luther King
Grande beijo, bons estudos e sucesso na jornada.
Com amor,
Ju
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Por Juliana Lira